Quando tudo parecia perdido, havia sempre algo que a acalmava: a música. Fosse qual fosse a
situação, recorria a esta.
No entanto, não andava feliz pois as músicas que ouvia faziam-na recordar momentos já
inexistentes. Pensara numa frase “tenho que deixar de associar músicas às pessoas. Porque as
pessoas fazem asneira e estragam a boa música.” Em algumas vezes, era difícil afastar a música
associada à pessoa. Guardava para si momentos que outros esqueceram e isso ainda a magoava ou
chateava mais pois sentia-se emocional perante os outros que não demonstravam esses
sentimentos.
Um dia, foi à praia para sentir a brisa do vento, o cheiro do mar, a areia que lhe aquecia os pés.
Fechando os olhos e com um respiração tranquila, sentia o vento cada vez mais forte nas rochas.
Este cenário era idêntico à confusão e receios que tinha. Num som forte de uma onda a bater nas
rochas, abriu os olhos. Aos poucos, o mar foi ficando mais brando e o vento também abrandava a
sua força.
Estava em paz. Por momentos não pensava em nada. Estava bem consigo própria e deixou-se levar
pela tranquilidade que a praia lhe trazia: pessoas no mar a nadar e a fazerem castelos na areia,
gargalhadas vindas de um bar de uma esplanada ali perto, um céu limpo com um azul muito claro
e as ondas do mar com um azul idêntico.
Sentiu-se feliz pois descobrira um novo refúgio: a praia. Não associava a ninguém, pois ela própria
e não precisava de ninguém para desfrutar do que estava a sentir. Sentira paz e desapego e era o
que mais queria.