HOPE: A MAGIA DO ANIMAL
Esta é a história de Mateus. Mateus é um menino de cinco anos. Foi diagnosticado autismo aos três anos de idade.
Os pais amavam-no como ninguém e sempre teve um amigo próximo, o primo Ricardo. Cresceram juntos, apesar de Ricardo ser mais velho.
Com o passar do tempo, o primo mais velho foi criando a sua identidade e a ter novos amigos, afastando-se um pouco de Mateus e este não reagiu bem com a mudança.
Os pais começaram a procurar soluções e reparavam que cada criança que se aproximava para o ajudar ou criar amizade, ele afastava-se, brincando e querer estar sozinho.
Um dia, uma tia de Ricardo falou-lhe de uma professora de equitação que também fazia terapia com cavalos e crianças com autismo. Chamava-se Margarida. Cresceu com cavalos na quinta dos seus avós. O amor começou na infância, continuando na adolescência e chegou à idade adulta.
Uma manhã, os três adultos e a criança reuniram-se, sendo guiados na quinta de Margarida.
Mateus corria livremente com um peluche que a professora lhe dera.
Enquanto os adultos conversavam, a criança parou em frente a um estábulo. Margarida aproximou-se e viu o mesmo. Um cavalo lindo castanho com uma crina preta.
A professora disse-lhe que podia fazer uma carícia se não tivesse medo. A mãe tentou aproximar-se mas foi travada por esta. Estava a começar.
Mateus aproximou-se. Tinhas os olhos castanhos cor de avelã e trocou um olhar cúmplice com o cavalo. Os seus olhos eram pretos como houvesse um mistério por trás. Uma história por contar. Olharam-se nos olhos e como dissesse à criança: eu aceito-te e compreendo-te.
A magia que se sentia no local era diferente. Havia algo no ar. Uma paz inexplicável.
O animal aproximou-se mais e colocou o dorso sobre o seu ombro como se o abraçasse. Os pais choravam emotivos.
Margarida levou-os ao picadeiro e deu-lhe uns torrões de açúcar. Na areia, a criança deu-lhe os doces e este até lhe lambeu os dedos. Riu-se a dizer que fazia cócegas e o cavalo relinchou como se risse com o novo amigo.
A professora de equitação afastou-se de ambos e juntou-se aos pais do menino para observar a imagem que estava à sua frente: pareciam amigos de longa data que não se viam há umas temporadas. Amigos de verdade.
O menino voltou a fazer-lhe festas e este permanecia sereno. Fez-lhe uma vénia e a criança sorriu para os adultos, abraçando-o em seguida e dando-lhe um pequeno beijo entre os olhos.
Os pais continuavam emotivos e orgulhosos do filho fabuloso que tinham. Decidiram que voltariam, pois agora já não se iriam largar.
De regresso ao estábulo, Mateus perguntou o nome do novo amigo.
Hope. É uma égua. Respondeu Margarida olhando para a criança e de seguida para os seus pais.
Os três adultos sorriram enquanto Mateus voltou a brincar com o peluche. Pôs-lhe o mesmo nome.