BELEZA DO SILÊNCIO
Estava de chuva. Viam-se pessoas a correr desde a porta dos prédios até aos seus carros. Pessoas agasalhadas e com os seus chapéus de chuva. Era um dia triste e chuvoso. Para alguns. Poucos sabiam desfrutar da beleza da natureza, face a este fenómeno.
A rapariga que morava perto do campo, aproveitava para vestir roupas mais largas, mais descontraídas.
Saiu de casa e a chuva continuava. Fechou os olhos e sorriu. Desceu as escadas do apartamento e foi até à sua casa perto do lago. Nem chapéu de chuva levou.
Ao chegar ao local, desfrutou da paisagem, triste para alguns mas encantadora para ela. Cada gota de água que sentia no rosto fazia sentir mais livre. Como se pudesse fazer qualquer coisa.
A casa que os avós lhes venderam era uma típica casa do bosque e nas traseiras tinha um jardim zen que construiu: bonitas suculentas rodeadas de pedras brancas que faziam um caminho levando a uma deusa buda que lhe ofereceram.
O seu interior completava a serenidade do cenário. Reinava a paz. Sentiu-se confortável, acolhida. Quente.
Dirigiu-se à prateleira onde arrumava os incensos líquidos. O incenso que acendeu cheirava a chocolate e a laranja. De vez em quando, sentia-se o cheiro de canela a vir ao de cima.
Pegou numa caneca de chá de menta e levou para a sala. Confortou-se no sofá e via a chuva a cair lá fora.
Não pensava em nada como há muito tempo não acontecia. Simplesmente deixou-se levar pela beleza do silêncio e disfrutar da melhor companhia: ela própria.