DECOREI-TE
Estavamos cansados e estavamos no sofá. Como sempre, adormeci primeiro. Senti o sono a chegar, mas não fui para a cama. Deitei o rosto no teu ombro. Era o encosto que eu queria. O meu favorito. Tapaste-me com a manta e continuaste a ver televisão.
Acabei por adormecer.
Acordei de madrugada e já dormias também. Com o teu braço por cima do meu ombro. Sorri ao ver-te tão pacífico.
Chamei-te para irmos para a cama. Esfregaste os olhos, com preguiça e abraçaste-me, dizendo que agora não querias sair dali. Ri-me e insisti para irmos. Puxaste-me para ti e ficamos a olhar um para o outro. Mesmo a luz do candeeiro ser fraca, notei o brilho nos teus olhos como sempre quando me olhavas assim. Sussurramos que nos amavamos para que ninguém descobrisse o segredo. Ficaria entre nós como tudo que partilhamos.
Estavas quente por causa do conforto da casa. Fizeste-me festas no rosto e beijaste-me docemente. Aproximamo-nos mais e continuamos a beijar-nos.
Afastaste-me a manta e abraçaste-me. Senti o cheiro do teu shampô e sorri como agradecimento por aquele momento. Voltamos a olhar um para o outro e demos as mãos. Os nossos dedos entrelaçados e eu senti um frio na barriga. Sempre foi assim desde início.
As tuas tatuagens nos braços eram visíveis e não me cansava de olhar para a obra de arte que tinha à minha frente. Eu era uma mera espetadora do artista que tinha à minha frente.
Decidimos ir para a cama. De mãos dadas. Deitámo-nos e de costas para ti, beijaste-me o pescoço. Demos as boas noites e sonhamos. Não me lembro o que foi mas sei que quando acordei e vi-te a meu lado a dormir, a realidade era bem melhor.