FICAR
Numa noite de chuva, estava com insónias. Levantei-me para ver as horas. Nesse momento, o telemóvel vibrou durante muito tempo. Era uma chamada. Atendi e eras tu. Tinhas a voz ensonada mas percebi que estiveste a chorar. Deu-me um nó no estômago e perguntei-te o que se passava. Não te sentias bem. Só querias sair de onde estavas e como refúgio que foste para mim, perguntei-te se querias companhia. Já eramos dois sem dormir.
Insististe que fosses tu a vires ter comigo porque não eram horas decentes para eu sair. Desligamos a chamada e sorri. Por teres ligado. Mesmo não estando bem, cuidaste de mim para não sair.
Estavas ali e abraçaste-me apertadamente. Tinhas saudades. Levei-te para o meu quarto e pediste desculpa pela hora. Estavas alterado por lutares contra coisas que sentias. Pedi-te para te acalmares. Estava tudo bem. Deitaste-te e choraste. Ajoelhei-me e afaguei-te o cabelo.
Deste-me a mão e olhaste-me nos olhos. Ficamos em silêncio e aproximaste-te a medo. Em segundos, beijámo-nos e estavamos no mundo um do outro. Senti-te mais calmo e pedi para ficares. Abraçaste-me. Era tudo o que precisavamos.