P E R T E N C E R
A música que escutava, fazia-o estar quieto e calado. A música era calma, serena e aos poucos os
seus olhos encheram-se de lágrimas. Lágrimas frias para o calor que sentia.
Um arrepio percorreu-lhe o corpo. Sorriu. Ele não chorava pela música mas pelo que esta fazia-lhe
lembrar. Fazia lembrar conversas boas que tivera.
Agora tudo tinha um significado: os arrepios, as risadas, as gargalhadas, as coisas simples que
faziam diferença. Agora percebia. Por estarem afastados um do outro, sentia-se só e com saudades
do que pensavam que “era normal”. Mas por todas as razões e por “ser normal” é que as lágrimas
transformaram-se numa anormal pertença um ao outro.