QUANDO AS PALAVRAS NÃO CHEGAM
Há dias reli um dos meus livros favoritos. Amante de literatura que sou, havia notas, havia partes sublinhadas, páginas marcadas que me fizeram lembrar tempos de escola, quando estudava.
Sorri ao lembrar-me de frases que sublinhei porque com um amor tão simples mas verdadeiro e agora era eu a vivê-lo.
Fechei os olhos e agradeci por isso e assim voltei a viajar no tempo, navegando pela mente quando tivemos juntos.
Estava um sol maravilhoso, não só aquecia o corpo como a paz sentida, fazia jus aquele momento.
Almoçamos no restaurante novo que abriu esta semana e entre conversas e olhares, tudo parou quando me deste a mão e disseste-me que era o homem mais feliz do Mundo. Não só pelas voltas que a vida nos deu, mas o presente é a única coisa que temos e quiseste aproveitar para dizer-me o quanto gostas de mim. Não sendo apenas como alguém que te apoia, incentiva, ajuda no que pode mas vendo-me como uma mulher maravilhosa que me estava a tornar. Estavamos a crescer juntos.
Porque alguém que nos incentiva é sempre alguém que devemos ter por perto. Agradeci-te pelas palavras e faço o que quero porque gosto de ti e é necessário fazer e dizer aos nossos.
Saímos e deste-me a mão. Paramos a meio caminho e olhaste-me nos olhos. E estavas demasiado perto que até senti a tua respiração. E senti o teu perfume. Engoli a seco. Ainda agora recordo a rir-me esperando que não tenhas apercebido.
Levaste a tua mão direita ao meu pescoço e a tua mão esquerda à minha cintura. Aí percebi o que ia acontecer. Aproximamo-nos mais e fechamos os olhos. Nada mais à volta importou. Apenas sentimos os nossos toques, respirações e as nossas línguas tocavam-se como se conhecessem de cor. Fazia-te festas no cabelo e no pescoço e aí ainda puxaste-me mais para ti.
Sorrimos e ficamos a olhar um para o outro. O sol fazia o teu cabelo mais brilhante e a brisa que havia no ar fez com que sentisse o teu perfume novamente e shampô era a novidade.
Não te largava o pescoço e tu não me largavas a cintura.
Abraçamo-nos e assim ficamos agarrados sem dizermos nada. Nem foi preciso. Tínhamos saudades e não precisamos de falar sobre o que aconteceu. Os nossos corpos e gestos quiseram ser a nossa voz e nós só obedecemos.